terça-feira, 30 de junho de 2015

COLHEITA

Se consegues guardar o coração
Sem queixumes em vão,
Além das nuvens densas,
Feitas em vibrações de sarcasmos e ofensas,
Sem que a força da fé se te desagrade,
Quando rugem, lembrando tempestade...

Se olhas para o mal que te rodeia,
Respeitando, em silêncio, a luta alheia,
Se não te fere ouvir
A expressão que te espanca ou te censura,
No verbo avinagrado da amargura,
Sem alterar teu sonho de servir...

Se logras conservar a luz no pensamento,
Ante os assaltos do tufão violento,
Que se forma da injúria que atraiçoa,
E trabalhas sem mágoa e ajudas sem tristeza,
Plantando o reconforto, a bondade e a beleza,
Sem perder a esperança na alma boa...

Se já podes, enfim,
Converter toda lama em trato de jardim
E criar alegria em tua própria dor,
Para auxílio a quem chora socorro de alguém,
Então terás chegado à compreensão do bem,
Para viver em paz, na vitória do amor!...

(Francisco Cândido Xavier por Maria Dolores. In: Antologia da Espiritualidade)

OPOSIÇÕES



“Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. – Jesus.  (Mateus, 5:44).

            Imperioso modifiques a própria conceituação, em torno do adversário, a fim de que se te apague da mente, em definitivo, o fogo da aversão.
            Isso porque o suposto ofensor pode ser alguém:
que age sob a compulsão de grave processo obsessivo;
que se encontra sob o guante da enfermidade e, por isso, inabilitado a comportar-se corretamente;
que experimenta deploráveis enganos e se acomoda na insensatez;
que não pode enxergar a vida no ângulo em que a observas.
            E que nenhum de nós encontre motivos para lhe reprovar o desajuste, porquanto nós todos somos ainda suscetíveis de incorrer em falhas lamentáveis, como sejam:
            cair sob a influência perturbadora de criaturas a quem dediquemos afeições sem o necessário equilíbrio;
            iludir-nos a nosso próprio respeito quando não pratiquemos o regime salutar da autocrítica;
            entrar em calamitoso desequilíbrio por efeito de capricho momentâneo;
            assumir atitudes menos felizes, por deficiência de evolução, à frente de companheiros em posições mais elevadas que a nossa.
            Em síntese, para sermos desculpados é preciso desculpar.
            Reflitamos na absoluta impropriedade de qualquer ressentimento e recordemos a advertência de Jesus quando nos recomendou a oração pelos que nos perseguem. O Mestre, na essência, não nos impelia tão-só a beneficiar os que nos firam, mas igualmente a proteger a sanidade mental do grupo em que fomos chamados a atuar e servir, imunizando os companheiros, relativamente ao contágio da mágoa, e frustrando a epidemia da queixa, sustentando a tranqüilidade e a confiança dos outros, tanto no amparo a eles quanto a nós.

(Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Segue-me!...)

domingo, 28 de junho de 2015

RESPONSABILIDADE

 

    Há alguns anos lemos a notícia de que um escritor americano estava travando uma verdadeira batalha verbal com o diretor de determinado filme.

 

    É que um amigo do escritor foi assassinado por um casal que se inspirou nos dois personagens psicopatas do filme daquele diretor.

 

    Uma outra manchete falava que dois garotos de 11 anos aproveitaram um descuido da mãe de um menino de apenas dois anos e o levaram para um passeio.

 

    Dias depois, o corpo do garotinho foi encontrado estraçalhado na linha do trem. Igualzinho ao filme que os dois haviam assistido, alguns dias antes, por diversas vezes.

 

    Tais matérias nos levam a ponderar acerca da responsabilidade do que escrevemos, criamos e entregamos para divulgação.

 

    Certamente os assuntos veiculados promoverão pensamentos e atos nas pessoas que deles tomarem conhecimento.

 

    Se incentivamos a violência, a agressão, o desrespeito, naturalmente o que as criaturas vierem a realizar, por causa desse incentivo, será também de nossa responsabilidade.

 

    Por isso mesmo, advertiu Jesus: "Seja o vosso falar sim, sim; não, não." o que quer dizer definir posições e assumir responsabilidades.

 

    Nós somos responsáveis pelas imagens que projetamos nas mentes alheias. Se incentivarmos ao mal, este nos atingirá como lei de causa e efeito, e o mesmo se dará  se divulgarmos o bem.

 

    Esmerarmo-nos, assim, na criação e divulgação de conceitos positivos, benéficos, em síntese, fará bem a nós mesmos.

 

    Francisco de Assis, um dia, escreveu poemas de amor à natureza. Chamou de irmãos ao sol, à lua, às estrelas, à água.

 

    Poderemos acaso aquilatar o quanto de serenidade semeou com tais versos?

 

    Quantas criaturas, até hoje, transcorridos os séculos, os leem e repetem?

 

    Somos tão responsáveis pelo que sai de nós que Jesus alertou para a gravidade da falta de alguém escandalizar a algum dos pequenos.

 

    E pequenos não são somente as crianças, mas nós, espíritos ainda mais ou menos ignorantes e com grande facilidade de sintonizar com o mal.

 

    Assim sendo, falemos o bem. Escrevamos o bem com as palavras simples que brotam do nosso coração afeiçoado ao bem.

 

    Teçamos versos delicados que exaltem o belo, a bondade, que falem de Deus, da ventura de viver, das belezas da imortalidade, da alegria de ser herdeiro das estrelas e do universo.

 

    Você sabia?

 

    Que pela palavra e pelos exemplos Gandhi libertou um povo? Sua filosofia se baseava na "não-violência".

 

    E você sabia que pelos discursos e atos, um déspota infelicitou muitos povos?

 

    Falamos de Hitler, que semeou desgraça em grande parcela da humanidade.

 

    Ambos fizeram uso das palavras. Um para construir, o outro para matar e infelicitar.

 

(Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no jornal O Espírita, jan/mar 97, pág. 8 e 9 (só as notícias) -www.momento.com.br )

quinta-feira, 25 de junho de 2015

ESTE DIA



Este dia é o seu melhor tempo, o instante de agora.
Se você guarda inclinação para a tristeza, este é o ensejo de meditar na alegria da vida e de aceitar-lhe a mensagem de renovação permanente.
Se a doença permanece em sua companhia, surgiu a ocasião de tratar-se com segurança.
Se você errou, está no passo de acesso ao reajuste.
Se esse ou aquele plano de trabalho está incubado em seu pensamento, agora é o momento de começar a realizá-lo.
Se deseja fazer alguma boa ação, apareceu o instante de promovê-la.
Se alguém aguarda as suas desculpas por faltas cometidas, terá soado a hora em que você pode esquecer qualquer ocorrência infeliz e sorrir novamente.
Se alguma visita ou manifestação afetiva esperam por você chegou o tempo de atendê-las.
Se precisa estudar determinada lição, encontrou você a oportunidade de fazer isso.
Este dia é um presente de Deus, em nosso auxílio; de nós depende aquilo que venhamos a fazer com ele.

(André Luiz/Chico Xavier. Livro: Respostas da Vida) 

quarta-feira, 24 de junho de 2015

PALAVRAS DA VIDA

 

Levanta-te, cada dia,

Pensa em Deus, louva e agradece,

Mesmo num lance de prece

A bênção de trabalhar

E cumpre as obrigações

Que a vida te deu às horas,

Doando a paz onde moras,

Partindo do próprio lar.

 

Se resguardas na lembrança

Alguma ofensa sofrida,

Deixa ofensa esquecida

Na luz eterna do bem;

Não busques descanso inútil,

Trabalho é apoio preciso,

Não afastes teu sorriso

Do coração de ninguém.

 

Exerce a beneficência

Das palavras benfazejas,

Se não tens o que desejas,

Contenta-te no que tens;

Às vezes, para quem sofre,

Um momento de alegria

No abraço de simpatia

É sempre o melhor dos bens.

 

Nunca esmoreças. Trabalho

Aprimora o mundo todo,

Muita flor nasce do lodo

Muito amparo vem da dor.

Serve, ensina e reconforta

Na fé viva que te alcança,

Entre as luzes da esperança

Começa o reino do amor.

 

(Francisco Cândido Xavier por Maria Dolores. In: Coração e Vida)

 

IMORTALIDADE

 

A morte não é o fim.

 

       Criado para a vida, o espírito transfere-se constantemente de um estado vibratório para outro, sem perder a imortalidade.

       Repara nos exemplos da natureza.

       A destruição da semente em contato com o solo não passa de transformação da vida gerando mais vida.

       O sol, que se oculta com a chegada da noite, ressurge a cada amanhecer, sem mais deixar de brilhar.

       Se te ressentes da ausência do afeto que a desencarnação transferiu para a vida no Além, não te revoltes nem te desesperes.

       Corações amoráveis o acompanham, tanto quanto a ti, a fim de que a vida de cada um siga em paz na direção do progresso.

       Confia no Pai e prossegue vivendo, fazendo o melhor ao teu alcance.

       A felicidade de quem segue no Além, muitas vezes, depende do equilíbrio de quem permanece na Terra.

       Entrega-te ao trabalho construtivo, orando e servindo, e contarás com os eflúvios de luz e paz que vertem do Alto, favorecendo-te na jornada redentora, até que te reencontres com os corações queridos, em comunhão de amor nos domínios da eternidade.

 

(De “Novas Mensagens de Scheilla Para Você”, de Clayton B. Levy)

(texto enviado por: "Cristiano de Almeida")

 

domingo, 21 de junho de 2015

ESCUTA, ALMA QUERIDA


 

Escuta, alma querida!...

Se alguém te apedrejou o coração,

Não plantes ódio na alma contundida,

Nem pranteies em vão...

Sustenta, no caminho da esperança,

O perdão por dever,

Não te dês à vingança...

Esse alguém vai viver.

 

Dá sublimado amor que o mundo não descreve,

E, se alguém te despreza com mentiras,

Não repliques, de leve,

Nem lamentos profiras;

Segue à frente, na paz em que te escondas,

Abraçando a humildade por prazer.

Por maior seja o insulto, não respondas...

Esse alguém vai viver.

 

Seja onde for, se alguém te suplicia,

Sob golpes brutais,

Não reclames, não percas a alegria,

Nem te azedes jamais!

Acende a fé no peito sofredor

E procura esquecer.

Infeliz de quem ri na capa de agressor!...

Esse alguém vai viver.

 

Escuta, alma querida!...

Quem ofende ou se põe a revidar

Atira fogo e lama à própria vida,

Compra fel e pesar.

Cultiva a compaixão serena e boa,

Envolve todo o mal em bem-querer.

Ai daquele que fere ou que atraiçoa!...

Esse alguém vai viver.

 

(Francisco Cândido Xavier por Maria Dolores. In: Antologia da Espiritualidade)

 

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Diante do mundo

 

Ante os pesares do mundo,

Observa, alma querida,

A dor que ilumina a vida,

Sob as provas, tais quais são...

A Terra é uma grande escola

De que temos o usufruto,

Lembrando enorme instituto

De trabalho e elevação.

 

Nascemos e renascemos,

Atendendo a leis concisas,

Conforme as lições precisas

Que temos nós para dar;

No serviço que nos cabe,

Naqueles com quem vivemos,

Jazem os pontos supremos

De nosso próprio lugar.

 

Nas tarefas em que estejas,

Cumpre o dever que te assiste,

Se a vida parece triste,

Não te queixes de ninguém...

Cada pessoa na Terra

Intimamente é chamada

A servir, de estrada a estrada,

Para a vitória do bem.

 

O homem robusto e moço

Que administra a riqueza,

Traz, por vezes, rude e acesa,

A fogueira da aflição;

A mulher que exibe ao colo

A cruz em joias e luzes,

Às vezes tem muitas cruzes

Nunca censures. Trabalha,

Crê, auxilia e não temas.

 

Cada qual guarda problemas,

Em forma de sombra e dor.

Quem mais serve e mais perdoa

É aquele que se renova,

Vencendo, de prova em prova,

Na grande escola do amor.

 

(Francisco Cândido Xavier por Maria Dolores. In: Coração e Vida)

 

quarta-feira, 17 de junho de 2015

TÉCNICAS INFELIZES




“... a vossa tristeza se tornará em alegria.”
(João – 16:20)
Um olhar agressivo.
Um gesto intempestivo.
-o-
A palavra contundente.
O verbete irônico.
-o-
A censura pertinaz.
A conversa leviana.
-o-
A indiferença proposital.
O descaso programado.
-o-
A expressão de subestima.
A atitude autossuficiente.
-o-
O reproche sistemático.
A desatenção ostensiva.
-o-
       Quando você está de mal consigo mesmo, permite que essas penosas ocorrências o façam antipático.
       Muitas inimizades podem ser evitadas se você aplicar outros métodos.
       Embora contrafeito interiormente não esparza mau-humor.
       Aquele que você agora desconsidera, quiçá defrontará amanhã em posição diferente, quando alguma necessidade estiver a visitar-lhe a vida...
       Não use as técnicas que produzem animosidade.
       Embora sofrido e triste, faça amigos, plantando almas para o seu jardim de bênçãos e alegrias futuras.

(De “Momentos de decisão”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Marco Prisco)

terça-feira, 16 de junho de 2015

Na ausência do Amor


    Se não sabes cultivar a verdadeira fraternidade, serás atacado fatalmente pelo pessimismo, tanto quanto a terra seca sofrerá o acumulo de pó.
    Tudo incomoda àquele que se recolhe à intransigência.
    Os companheiros que fogem às tarefas do amor são profundamente tristes pelo fel de intolerância com que se alimentam.
    Convidados ao esforço de equipe, asseveram que os homens respiram em bancarrota moral.
    Trazidos ao culto da fé, supõem reconhecer, em toda parte, a maldade e a desilusão.
    Chamados à caridade, consideram nos irmãos de sofrimento inimigos prováveis, afastando-se irritadiços.
    Impelidos a essa ou àquela manifestação de contentamento, recuam, desencantados, crendo surpreender maldade e lama nas menores exteriorizações de beleza festiva, Caminham no mundo entre a amargura e a desconfiança.
    Não há carinho que lhes baste. Vampirizam criaturas por onde estagiam, chorando, reclamando, lamentando.
    Não possuem rumo certo. Declaram-se expulsos da sociedade e da família.
    É que, incapazes do amor ao próximo, jornadeiam pela terra, sob o pesado nevoeiro do egoísmo que nos detém tão somente no circulo estreito de nossas necessidades, sem qualquer expressão de respeito
para com as necessidades alheias.
    Afirmam-se incompreendidos, porque não desejam compreender.
    Ausentes do amor, ressecam a máquina da vida, perdendo a visão espiritual.
    Impermeáveis ao bem, fazem-se representantes do mal.
    Se o pessimismo começa abeirar-se de teu espírito, recolhe-te à oração e pede ao Senhor te multiplique as forças na resistência, ante o assalto das trevas.
    Aprendamos a viver com todos, tolerando para que sejamos tolerados, ajudando para que sejamos ajudados, e o amor nos fará viver, prestimosos e otimistas, no clima luminoso em que a luta e o trabalho são bênçãos de esperança. 

(Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Fonte Viva)

domingo, 14 de junho de 2015

E OLHAI POR VÓS


"E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez e dos cuidados desta vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia." - Jesus. (LUCAS, 21:34.)

    Em geral, o homem se interessa por tudo quanto diga respeito ao bem-estar imediato da existência física, descuidando-se da vida espiritual, a sobrecarregar sentimentos de vícios e inquietações de toda sorte. Enquanto lhe sobra tempo para comprar aflições no vasto noticiário dos planos inferiores da atividade terrena, nunca encontra oportunidade para escassos momentos de meditação elevada. Fixa com interesse as ondas destruidoras de ódio e treva que assolam nações, mas não vê, comumente, as sombras que o invadem. Vasculha os males do vizinho e distrai-se dos que lhe são próprios.
    Não cuida senão de alimentar convenientemente o veículo físico, mergulhando-se no mar de fantasias ou encarcerando-se em laços terríveis de dor, que ele próprio cria, ao longo do caminho.
    Depois de plasmar escuros fantasmas e de nutrir os próprios verdugos, clama, desesperado, por Jesus e seus mensageiros.
    O Mestre, porém, não se descuida em tempo algum e, desde muito, recomendou vele cada um por si, na direção da espiritualidade superior.
    Sabia o Senhor quanto é amargo o sofrimento de improviso e não nos faltou com o roteiro, antecedendo-nos a solicitação, há muitos séculos.
    Retire-se cada um dos excessos na satisfação egoística, fuja ao relaxamento do dever, alije as inquietações mesquinhas - e estará preparado à sublime transformação.
    Em verdade, a Terra não viverá indefinidamente, sem contas; contudo, cada aprendiz do Evangelho deve compreender que o instante da morte do corpo físico é dia de juízo no mundo de cada homem.

 

(Francisco Candido Xavier por Emmanuel. In: Vinha de Luz)

sábado, 13 de junho de 2015

EM PEREGRINAÇÃO

 

"Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura." - Paulo. (HEBREUS, 13:14.)

    Risível é o instinto de apropriação indébita que assinala a maioria dos homens.
    Não será a Terra comparável a grande carro cósmico, onde se encontra o espírito em viagem educativa?
    Se a criatura permanece na abastança material, apenas excursiona em aposentos mais confortáveis.
    Se respira na pobreza, viaja igualmente com vistas ao mesmo destino, apesar da condição de segunda classe transitória.
    Se apresenta notável figuração física, somente enverga efêmera vestidura de aspecto mais agradável, através de curto tempo, na jornada empreendida.
    Se exibe traços menos belos ou caracterizados de evidentes imperfeições, vale-se de indumentária tão passageira quanto a mais linda roupagem do próximo, na peregrinação em curso.
    Por mais que o impulso de propriedade ateie fogueiras de perturbações e discórdias, na maquinaria do mundo, a realidade é que homem algum possui no chão do Planeta domicílio permanente. Todos os patrimônios materiais a que se atira, ávido de possuir, se desgastam e transformam. Nos bens que incorpora ao seu nome, até o corpo que julga exclusivamente seu, ocorrem modificações cada dia, impelindo-o a renovar-se e melhorar-se para a eternidade.
    Se não estás cego, pois, para as leis da vida, se já despertaste para o entendimento superior, examina, a tempo, onde te deixará, provisoriamente, o comboio da experiência humana, nas súbitas paradas da morte.

 

(Francisco Candido Xavier por Emmanuel. In: Vinha de Luz)

 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

REPOUSO TAMBÉM



          As muitas tarefas a que atendes exaurem tuas forças e o cansaço anula possibilidades valiosas, que poderias aplicar em realizações de maior profundidade.   
          Fascinado pelos serviços de variada ordem nos quais buscas esquecer problemas de outro quilate, ao te dares conta, estás vencido, sem o controle que se faz preciso, para maior avanço nas vias da evolução.
          Examina os compromissos que te assoberbam e seleciona-os.
          Põe em ordem o que deves executar para que o tempo te seja pródigo.
          Disciplina as realizações para que se submetam ao teu comando otimista.
          Trabalho que enfada é labor que deprime.
          Há trabalhos que podes e deves fazer e há deveres que outros podem executar, na tua esfera de ação.
          Os serviços de superfície absorvem e desesperam, porquanto se multiplicam sem cessar.
          Fugir do que necessitas vencer, significa transferência de luta para tempo e espaço posterior.
Se buscas o cansaço para asfixiar a ansiedade que te persegue, raciocinas como o opiômano, que se entrega a um tormento para a outro tormento fugir.
          A Doutrina Espírita, iluminando a mente do homem, dá-lhe os instrumentos de fácil manejo para dissecar os dramas que perturbam, libertando dos falsos problemas resultantes da indisciplina do próprio espírito.
          Em face da necessidade de um exame acurado da dificuldade que se faz empecilho à evolução, o aluno do Cristo deve atirar-se ao trabalho, sem dúvida, mas, primeiramente precisa capacitar-se com os valores que o habilitem para a paz legítima, a fim de adquirir alegria nas realizações, desintoxicando-se dos vapores da estafa que irrita, entorpece e dispõe mal.
          Usa a “hora morta” meditando.
          Cultiva a leitura espírita como norma de aprendizagem.
          Conhecendo a Doutrina, perceberás as sutilezas de que se utilizam nossos adversários, já desencarnados, e assim mais facilmente poderás enfrentá-los.
          O autoconhecimento, como a auto-iluminação, constituem tesouros que devem ser trabalhados.
          Ler ou estudar são hábitos.
          O espírita não pode prescindir do estudo.
          Estudo também é trabalho...
          Não somente merecimento pelo esforço físico, mas também evolução pela renovação íntima ante a luz do conhecimento.
          Não menosprezes, desse modo, nos teus labores, o significado da palavra refazimento.
          Refazer as forças no repouso representa desdobrar possibilidade de ação contínua.
          Nem o sono entorpecente, nem a ação devastadora.
          Repouso pode ser entendido como troca de atividades, que funciona como higiene mental, em que encontres prazer sem tédio, alegria sem irritabilidade.
          As atividades espíritas para o teu espírito são de alto teor. Dá-lhes prioridade.
          Que se dirá de quem, tendo feito muito, nada fez pela serenidade de si mesmo?
          Não vale semear uma gleba sem-fim, entregando-a aos parasitos, aos insetos e às ervas daninhas.
          Planta e zela.
          Levanta o caído e anda um pouco com ele.
          Ajuda o necessitado e anima-o um tanto mais.
          Os que são levantados e não dispõem de forças para manter-se, quando lhes falta o auxílio, retornam ao chão...
          Trabalho e recuperação podem ser considerados termos do mesmo binômio evolutivo.
          Amanhã farás o que hoje não conseguires.
          Muitas vezes surgem interrogações a respeito dos desaparecimentos do Mestre, nas narrativas evangélicas.
          Conjecturas de vária procedência tomam corpo, tentando elucidações.
          No entanto, após os labores exaustivos junto ao povo, habitualmente o Senhor buscava orar em profundo silêncio, meditar em demorados solilóquios.
          Retemperava, assim, as próprias energias para a áspera liça de esclarecer e consolar, atuando junto aos corações desarvorados e mentes em desalinho, pacificador e harmônico, distribuindo serenidade e equilíbrio como fonte inesgotável, cujas nascentes refrescantes tinham origem nos Céus.


(Divaldo P. Franco por  Joanna de Ângelis. In: Dimensões da Verdade)

quarta-feira, 10 de junho de 2015

SOFRIMENTO

 

       Há infortúnios que merecemos pelo abandono às leis de Deus, da mesma forma que há padecimentos que reclamamos para o reajuste a elas.

-o-o-

       Assim, desde que fujamos à harmonia das leis eternas, suportamos o sofrimento que decorre de:

             orgulho;

             egoísmo;

             vaidade;

             melindre;

             ira;

             revolta;

             intolerância;

             maledicência;

             irritação...

-o-o-

       Contudo, desde que ansiemos pelo retorno à comunhão com as leis divinas, sujeitamo-nos ao sofrimento que se origina de:

             sacrifício pelo bem comum;

             trabalho duro e constante;

             abnegação incompreendida;

             humilhação;

             renúncia compulsória;

             conflito íntimo;

             enfermidade dolorosa;

             reajuste doméstico;

             provação;

             convivência aflitiva...

-o-o-

       É certo que o sofrimento é inevitável em nosso caminho.

       Entretanto, se desejamos a companhia do Cristo, saibamos escolher.

 

(De “Decisão”, de Antônio Baduy Filho, pelo Espírito André Lui

terça-feira, 9 de junho de 2015

REENCONTRANDO UMA AFEIÇÃO NO PASSADO

 

        Muitos encarnados, que têm ouvido as diversas explanações quanto à vida dos espíritos nos planos da erraticidade, fazem uma falsa concepção do vocábulo, imaginando que a existência errática das entidades se processa  por jornadas intermináveis, sem um objetivo definido, sem uma organização que regule o fenômeno das suas atividades nos espaços.

       Essa maneira de encarar a questão não é verdadeira, pois, a vida no Além, decorre em um ambiente que, pelas suas características fluídicas, escapa à vossa compreensão, já que, dentro do vosso meio de matéria muito condensada, vos faltam as leis da analogia para que possais estabelecer uma comparação.

 

(De “Cartas de uma morta”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Maria João de Deus).  

REGISTRA SOMENTE O BEM


       
Temos audição para registrar o que ouvimos, mas conciliamos os irmãos a saberem ouvir, exercitando a condição de guardarem somente o bem e, se possível, como amor. Não registres o negativo, para que não venhas a sofrer as consequências do que escuta.
Amplia a tua tolerância para com os outros, sobretudo para com aqueles que ignoram a vida, que ainda não aprenderam a servir como tu e, pelas vias do Cristo, trabalha na caridade, ensinando esse amor no silêncio, porque, as trocas de luz, a natureza se encontra encarregada de fazê-las.
       Sê indulgente para com o teu irmão, que a indulgência irá a tua procura, ambientando teu coração para o amor, na conjunção da vida imortal. Não temas os caminhos, sejam quais forem aqueles em que Deus te colocou, como abençoada oportunidade de adquirir experiências. Registra, contudo, somente o Bem, que porventura encontrares nos teus passos. Não deixes de ter complacência par com os teus irmãos, pois que, se eles não tiverem com os outros, deverão mais tarde aprender, pois todos somos filhos de Deus, com os mesmos deveres e direitos. O aprendizado pertence a todos.
       Por que não ter moderação nas tuas lutas? Se a paciência te enriquece os valores, foi porque alguém muito especial a deu a ti por amor.
       Cuidemos da nossa escrita, no escrínio de nós mesmos. Todavia, devemos saber escolher aquilo que vamos escrever no grande livro da vida, sendo que, de vez em quando passamos a ler essa escritura, revendo os nossos velhos feitos do passado, que nos elevam ou nos entristecem; dependendo do que escrevemos na consciência, pode ser motivo de muita alegria ou campo de amargura.
       Usa a tua vontade em favor de ti mesmo, e se os teus exemplos forem enobrecidos, quantos companheiros poderão ajudar? Inúmeros! O que a palavra não conseguir fazer para o bem comum, o exemplo conseguirá, pois é considerado o todo-poderoso.
       Usa a tolerância em preparo dos corações, para que o amor não se esqueça de crescer no mundo interno, deixando-te frutos de luz. Sê paciente no perdão, esquecendo-te das ofensas, para fixar a alegria nos que te ouvem; o bem é mais fácil de ser guardado no coração, porque agrada.
       Procura, com todos os seus esforços, registrar o que eleva e entorpece a tua audição, no que concerne ao mal; neste exercício, Deus te ampara, para que possas ser filho da Luz.
       Comunga com o amor, que esse amor te salvará de sofrimentos inúmeros e ainda te ensinará a buscar Deus com mais alegria e mais certeza. Passa pelos caminhos, anotando e sentindo a harmonia universal, pois é na harmonia que encontramos o Cristo, com os braços abertos, buscando-nos para o reino da glória.
       Durante o dia, escutamos milhares de palavras; aprendamos, pois, a escolher, a selecionar as evangelizadas, para a nossa paz. Os sons harmonizados em Jesus têm a capacidade de nos confortar, fazendo da nossa mente uma fonte de luz de Deus.
       Não podemos nos esquecer de tolerar os que desconhecem o amor, o perdão e a caridade porque, com o nosso exemplo, no amanhã, eles passarão a mudar de vida, por não existir outro caminho em que eles não encontrem o Mestre, como seu deu com Saulo, no caminho de Damasco.

(De “Cura-te a ti mesmo”, de João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez)

segunda-feira, 8 de junho de 2015

“A vida é uma dádiva a ser vivida, e não um desafio a ser vencido.”



       Dádiva é algo que nos foi dado. A vida é a dádiva que nos foi dado pelo Criador, para que nela possamos usufruir.
       Jesus nos disse que veio para que tenhamos vida, e que a tenhamos em abundância.
       Como seres imperfeitos, ainda recém saídos da faixa da animalidade, não aprendemos a compreendê-la enquanto dádiva, e menos ainda a tê-la em abundância, na forma como nos ensinou o Cristo.
       Diante das inúmeras dificuldades que enfrentamos para sobreviver materialmente, é compreensível que a vida se nos apresente como um desafio a ser vencido.
       Mal temos tempo para pensar em seus aspectos sublimes, como dádiva divina. Entretanto, não nos custa construir um recanto dentro de nós mesmos. Um lugar onde possamos criar o necessário silêncio interior, para ouvir a nós mesmos e a Deus, através da voz de nossa própria consciência.
       É certo que nem sempre poderemos efetivamente sentir a vida como uma dádiva, em função do mundo e do modelo de vida ao qual estamos submetidos. Porém, nada nos impede de, intimamente, tê-la como um ideal a ser atingido, e cada vez menos a encararmos como um desafio, uma luta contínua, para alimentar, vestir e tratar o corpo, sem maiores cuidados com nossos aspectos espirituais.
       Somos ­— sempre e acima de tudo — entes imortais, em busca de uma paz e felicidade só possíveis quando mais próximos estivermos de Deus.

(De “Dia a Dia — Conceitos para viver melhor — “, de Paulo R. Santos.)

domingo, 7 de junho de 2015

CRISES  SEM  DOR

       Fáceis de reconhecer as crises abertas.

       Provação exteriorizada, dificuldade à vista.

       Surgem comumente, na forma de moléstias, desencantos, acidentes ou suplícios do coração, atraindo o concurso espontâneo dos circunstantes a que se escoram as vítimas, vencendo, com serenidade e valor, tormentosos dias de angústias, como quem atravessa, sem maiores riscos, longos túneis de aflição.

       Temos, porém, calamitosas crises sem dor, as que se escondem sob a segurança de superfície:

       — quando nos acomodamos com a inércia, a pretexto de haver trabalhado em demasia...

       — nas ocasiões em que exigimos se nos faça o próximo arrimo indébito no jogo da usura ou no ataque da ambição...

       — qualquer que seja o tempo em que venhamos a admitir nossa pretensa superioridade sobre os demais...

       — sempre que nos julguemos infalíveis, ainda mesmo em desfrutando as mais elevadas posições nas trilhas da Humanidade...

       — toda vez que nos acreditemos tão supostamente sábios e virtuosos que não mais necessitemos de avisos e corrigendas, nos encargos que nos são próprios...

       Sejam quais sejam os lances da existência em que nos furtemos deliberadamente aos imperativos de autoeducação ou de auxílio aos semelhantes, estamos em conjuntura perigosa da vida espiritual, com a obrigação de esforçar-nos, intensamente, para não cair em mais baixo nível de sentimento e conduta.

       Libertemo-nos dos complexos de avareza e vaidade, intransigência e preguiça que nos acalentam a insensibilidade, a ponto de não registrarmos a menor manifestação de sofrimento, porquanto, de modo habitual, é através deles que se operam, em nós e em torno de nós, os piores desastres do espírito, seja pela fuga ao dever ou pela queda na obsessão.

 

Emmanuel  (Chico Xavier)

(De “ESTUDE E VIVA’, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz

sábado, 6 de junho de 2015

AJUDA!

       Atende ao convite de Cristo e segue adiante.

       Ele te leva às almas sofredoras, a fim de que faças o possível para aliviar-lhes as dores.

       Aos que têm fome de amor e sede de paz.

       Aos que precisam de luz e necessitam orientação.

       Aos que, embora trazendo brilho e cores por fora, carregam chagas e sombras por dentro.

       Aos antros de pobreza material e aos palacetes que, apesar da beleza exterior, abrigam conflitos e dramas que a sociedade desconhece.

       Diante deles, não critiques nem acuses. Ajuda!

       Uma palavra de esclarecimento;

       Um gesto de consolo;

       Um pedaço de pão ou um simples copo d’água, oferecidos com amor, representarão alívio e esperança no caminho de quem segue sobrecarregado de dores.

       Deixa que o Cristo que há em ti fale pelos teus lábios e socorra pelas tuas mãos.

       Mesmo que os espinhos da incompreensão te firam os pés e as mãos, não desistas de ajudar com Jesus.

       Ele também não experimentou comodidades no mundo, mas soube, colocar amor ao próximo acima de todas as conquistas transitórias.

       Fazendo assim, estarás inscrevendo na alma, com os próprios atos, as marcas que te assinalarão para sempre como verdadeiro cristão e fiel seguidor do Evangelho.

 

(De “Novas Mensagens de Scheilla para Você”, de Clayton B. Ley)

quinta-feira, 4 de junho de 2015

AGRADEÇO, SENHOR!



Agradeço, Senhor,
Quando me dizes “não”
Às súplicas indébitas que faço,
Através da oração.

Muitas daquelas dádivas que peço,
Estima, concessão, posse, prazer,
Em meu caso talvez fossem espinhos,
Na senda que me deste a percorrer.

De outras vezes, imploro-te favores,
Entre lamentação, choro, barulho,
Mero capricho, simples algazarra,
Que me escapam do orgulho...
Existem privilégios que desejo,

Reclamando-te o “sim”,
Que, se me florescessem na existência,
Seriam desvantagens contra mim.
Em muitas circunstâncias, rogo afeto,
Sem achar companhia em qualquer parte,
Quando me dás a solidão por guia
Que me inspire a buscar-te.

Ensina-me que estou no lugar certo,
Que a ninguém me ligaste de improviso,
E que desfruto agora o melhor tempo
De melhorar-me em tudo o que preciso.
Não me escutes as exigências loucas,
Faze-me perceber
Que alcançarei além do necessário,
Se cumprir meu dever.

Agradeço, meu Deus,
Quando me dizes “não” com teu amor,
E sempre que te rogue o que não deva,
Não me atendas, Senhor!...

             Maria Dolores
(De “Poetas redivivos”, de Francisco Cândido Xavier – Diversos Espíritos)

terça-feira, 2 de junho de 2015

A PONTE

 

Ei-los na retaguarda. Não puderam acompanhar o ritmo que a renovação impunha.

Enquanto os Sábios Mensageiros, à maneira de narradores de histórias, falavam das construções celestes, eles se detinham extasiados. Compraziam-se na expectativa de fáceis triunfos, antevendo-se coroados de êxitos nas lutas do caminho comum, sem qualquer esforço nobre.

Supunham que o Espiritismo fosse apenas uma Doutrina Consoladora, cujo mister se resumisse na coleta de náufragos morais e mendigos, para os alentar, enxugando-lhes as lágrimas sem qualquer compromisso de os estimular para o trabalho e o sacrifício.

Esqueceram-se de que a morte física não é o fim.

Olvidaram que além do sepulcro não há repouso nem paraíso, senão para quem converteu a própria paz em paz para os outros e dirigiu a felicidade pessoal para a felicidade de todos.

A morte não apresenta soluções definitivas para problemas que a reencarnação não solveu.

A Terra, por isso mesmo, é o grande campo de realizações, aguardando a dedicação dos lidadores da esperança, do bem e da verdade.

Ninguém a deixará livremente, mantendo compromissos com a retaguarda.

Os que ficaram atrás, preferiram o céu fantasioso da ilusão.

Fizeram-se apologistas do heroísmo de mão beijada e pretendem a glória de um trabalho apanagiado por padrinhos terrenos, passageiros detentores do prestígio social e político.

Deixaram à margem os problemas gigantes que defrontarão mais tarde, complicados e insolváveis.

Tentaram o recuo à hora do avanço e se detiveram a distância.

Não os incrimines nem os lamentes.

São almas fracas, incapazes de uma resistência maior.

A vida, a grande mestra, com mãos de mãe devotada e gentil, conduzi-los-á de retorno à realidade, da qual ninguém foge impunemente.

Segue adiante, porém.

Esquece a fantasia das narrativas atraentes e enfrenta o campo que se desdobra convidativo.

Aqui, concede a benção de uma fonte e o deserto se converterá em jardim.

Ali, remove o charco, e o pântano se transformará em horta dadivosa.

Acolá, afasta as pedras, e a estrada surgirá oferecendo fácil acesso.

E faze o bem em toda a parte, com as mãos e o coração, orando e esclarecendo, a fim de que o trabalho da verdade fulgure em teus braços como estrelas luminescentes em forma de mãos.

E, ligado aos Espíritos da Luz, construirás, com o suor e o esforço incessante, enquanto na carne, a ponte sobre o abismo, pela qual atravessarás, em breve, formoso e deslumbrado, em busca dos amores felizes que te aguardam, jubilosos, “do outro lado”.

(Joana de Ângelis (Espírito)/Divaldo Franco)

segunda-feira, 1 de junho de 2015

ACUSAÇÃO  INDÉBITA

 

        No capítulo da censura, comumente chega em nossa vida um momento de perplexidade, à frente do qual muitos companheiros se mostram ameaçados pelo desânimo.

       Não se trata da ocasião em que somos induzidos a reprovar os outros e nem mesmo daquela em que somos repreendidos, em razão de nossas quedas.

       Reportamo-nos à hora em que nos vemos acusados por faltas que não perpetramos e por intenções que não nos afloram à mente.

       Desejamos falar das circunstâncias em que somos julgados por falsas aparências, dando lugar a comentários depreciativos em torno de nós mesmos.

-o-

       Teremos agido no bem de todos e, em seguida, analisados sob prisma diferente, qual se estivéssemos diligenciando gratificar o próprio egoísmo; de outras vezes assumimos posição de auxílio ao próximo, empenhando nossas melhores energias, de modo a que se faça harmonia e eficiência na máquina de ação de que somos peça viva, e tivemos nossas palavras ou providências, sob interpretação infeliz, atraindo-nos à crítica desapiedada, até mesmo naqueles amigos a quem oferecemos o coração.

       Atingindo esse ponto nevrálgico no caminho, não te permitas o mentiroso descanso no esmorecimento.

       Se trazes a consciência tranquila, entre os limites naturais de tuas obrigações ante as obrigações alheias, ora pelos que te censuram ou injuriam e prossegue centralizando a própria atenção no desempenho dos encargos que o Senhor te confiou, de vez que o tempo é o juiz silencioso de cada um de nós.

-o-

       Ouve a todos trabalhando e trabalhando.

       Responde a tudo, servindo e servindo.

-o-

       Nos dias nublados, quando as sombras se amontoem ao redor de teus passos, converte toda tendência à lamentação em mais trabalho, e transfigura as muitas palavras de auto justificação, que desejarias dizer, em mais serviço, conversando com os outros através do idioma inarticulado do dever retamente cumprido, porquanto se, em verdade, não temos o coração claramente aberto à observação dos que nos cercam no mundo, a todo instante, a justiça nos segue, e em toda parte Deus nos vê.

 

(De “Rumo certo”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

O  MOMENTO  DE  DEUS

 

       Analisemos as atitudes desencontradas que, várias vezes, assumimos diante do bem.

       Chamados a participar do dia grupo de trabalho, em benefício do semelhante, quase sempre alegamos falta de tempo, pretextando obrigações inadiáveis.

       Entretanto, observemos o aproveitamento dos minutos na atividade diária. Com frequência, encontramos o tempo necessário para a hora:

               do cabeleireiro;

               da manicure;

               da modista;

               do alfaiate;

               do clube;

               do cinema;

               do rádio e da televisão;

               da festa;

               do lazer;

               da reunião com os amigos.

*

       Se não conseguimos, pois, encontrar alguns minutos sequer para Deus, no serviço de auxílio ao próximo, na verdade nosso problema é muito mais de comodismo e indiferença do que propriamente de ocupações e tempo.

 

(De “Decisão”, de Antônio Baduy Filho, pelo Espírito André Luiz)