segunda-feira, 20 de julho de 2015

OS OUTROS


             Já pensaste que existe muita gente além de ti, vivendo no mesmo mundo em que habitas? São bilhões, com as mesmas necessidades e os mesmos direitos, filhos do mesmo Deus de bondade e de amor. E ainda outros bilhões de desencarnados buscam os mesmos interesses de vida que buscas.
             Quem te fez não se esqueceu de colocar as mesmas qualidades na consciência dos teus irmãos de caminho.
             Se tu, para viver, precisas dos outros, tanto quanto os outros de ti, é de justiça, e a razão nos esclarece, a grande necessidade de vivermos bem com os nossos semelhantes, de fazer para com eles o que estiver ao nosso alcance.
             O Suprimento Divino de ninguém se esquece, no que tange às nossas necessidades. O que achamos que falta na economia da natureza é consumido no desperdício dos que abusaram daquilo que foi colocado em suas mãos, registrando na escrita superior, a ignorância que, por vezes, atende ao carma dos sofredores.
             Não existe falha da natureza.
             O que achamos injustiça é puramente aparência. Cada um recebe justamente o que merece no avanço da própria vida.
             Se te interessa receber coisas boas, não deves duvidar da lei que nos fala que é dando que recebemos.
             Os outros são continuação de nós mesmos, nos termos filosóficos, que a escrita alcança para mostrar as belezas do oculto.
             Se queremos afastar o inconveniente de nós, não aprendamos as lições da inconveniência. Deus a ninguém deserda, nem aniquila Espírito algum, porque não Lhe obedece.
             Ele criou leis e elas nos disciplinam quando erramos o caminho que deve ser percorrido.
             Se alguém te perseguir, não faças o mesmo.
             Se o revide for a tua arma, essa defesa estraga a tua própria oportunidade de compreender aquele que te não compreende. Procura sempre a Justiça sem o exagero e ama sempre a Verdade, sem que a ofensa apareça.
             Os outros têm o mesmo direito que temos como ocupantes de lugares na grande extensão infinita.
             Deus assiste o ladrão tanto quanto o justo; o assassino, tanto quanto o homem de bem; porém, cada um recebe o que busca pela vida que se dispôs a viver.
            O Senhor não distingue os Seus filhos; eles são todos iguais à Sua magnânima visão. Ama todos, qual o Sol distribui seus raios em todas as direções do Universo, sem nada exigir dos beneficiados.
             Quando pensares, meu irmão, nas tuas necessidades, lembra-te igualmente da carência dos outros. E, se for possível, trabalha em favor deles, que esse trabalho, quando não é vendido, gera pontos de vida na luminosidade do Amor.
             Quando escolhemos alguém para a nossa amizade ou para o nosso amor, exigimos qualidades, perfeição, tudo de bom que nos agrade. Por que não fazer o mesmo conosco? Eles, certamente, devem pensar o mesmo de nós.
             Atraímos o que somos.
             Melhoremo-nos por dentro, que as companhias nos acompanharão no que verdadeiramente somos. É a lei dos afins, que nunca erra no trabalho das uniões.
             Trata os outros como se fossem tu mesmo, alimenta o mesmo interesse de servir aos teus irmãos, como se o estivesses fazendo em teu favor, que a tua amizade crescerá, mostrando-te a verdadeira estrada, onde a tua inteligência e o teu coração encontrarão o reino da consciência em perfeita harmonia com a harmonia universal, em paz com Deus.

(João Nunes Maia por Lancellin. In: Cirurgia moral)

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