quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O FARDO

"Cada qual levará a sua própria carga."

- Paulo: Gálatas, 6:5 -

    Quando a ilusão te fizer sentir o peso do próprio sentimento, como sendo excessivo e injusto, recorda que não segues sozinho no grande roteiro. 

    Cada qual tolera a carga que lhe é própria. 

    Fardos existem de todos os tamanhos e de todos os feitios. 

    A responsabilidade do legislador. 

    A tortura do sacerdote. 

    A expectativa do coração materno. 

    A indigência do enfermo desamparado. 

    O pavor da criança sem ninguém. 

    As chagas do corpo abatido. 

    Aprende a entender o serviço e a luta dos semelhantes para que te não suponhas vítima ou herói num campo onde todos somos irmãos uns dos outros, mutuamente identificados pelas mesmas dificuldades, pelas mesmas dores e pelos mesmos sonhos. 

    Suporta o fardo de tuas obrigações valorosamente e caminha. 

    Do acervo de pedra bruta nasce o ouro puro. 

    Do cascalho pesado emerge o diamante. 

    Do fardo que transportamos de boa vontade procedem as lições de que necessitamos para a vida maior. 

    Dirás, talvez, impulsivamente: - "E o ímpio vitorioso, o mau coroado de respeito e o gozador indiferente? Carregarão, porventura, alguma carga nos ombros?" 

    Responderemos, no entanto, que, provavelmente, viverão sob encargos mais pesados que os nossos, de vez que a impunidade não existe. 

    Se o suor te alaga a fronte e se a lágrima te visita o coração é que a tua carga já se faz menos densa, convertendo-se, gradativamente, em luz para a tua ascensão. 

    Ainda que não possas marchar livremente com o teu fardo avança com ele para a frente, mesmo que seja um milímetro por dia... 

    Lembra-te do madeiro afrontoso que dobrou os ombros doridos do Mestre. Sob os braços duros no lenho infamante jaziam ocultas as asas divinas da ressurreição para a divina imortalidade.

(Emmanuel/Francisco Cândido Xavier, em "Segue-me")

 

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