sábado, 4 de abril de 2015

De migalhas faz-se o pão

Com apenas seis anos, Beatriz Martins decidiu que sua missão seria ajudar o próximo e fazer a corrente do bem se multiplicar.

Um dia, passeando de carro com a família, parou em um semáforo e viu crianças, como ela, pedindo balas para os motoristas.

Chocada, não conseguiu entender as diferenças sociais entre ela e aquelas crianças.

Elas estavam com roupas rasgadas.

Perguntei ao meu pai por que estavam daquele jeito, relembra Bia, inconformada com a cena.

O pai, dedicado, deu a ela algumas explicações sobre as diferenças sociais.

Mesmo assim, eu continuava não entendendo, achava uma injustiça, disse a menina.

A cena não saiu da sua cabeça. Ela queria ajudar.

Apesar de não saber como isso poderia ser feito, passou quatro meses guardando toda bala, pirulito ou doce que ganhasse.

Quando chegasse o natal, o plano era distribuir todos os doces na comunidade daquelas crianças do semáforo.

Surpreso com a atitude da filha, o pai chamou amigos, vizinhos, parentes e quem mais pudesse ajudar para recolher donativos.

No Natal daquele ano, atendemos seiscentas crianças, lembra Bia.

Ela ainda não sabia, mas tinha acabado de fundar sua ONG.

Na Páscoa e nas próximas datas comemorativas, a menina também entrou em ação, alcançando mais duas mil crianças em todo o Estado de São Paulo.

Não demorou muito para a iniciativa ganhar nome – Olhar de Bia – e se consolidar.

Nos dias atuais, com treze anos e articulada como gente grande, Bia não para de multiplicar a corrente.

Ampliou sua assistência para além das comunidades, e passou a fazer ações em escolas e creches.

Em dezembro do ano de 2013, enviou doações para as vítimas das fortes chuvas do Espírito Santo, que deixaram mais de sessenta mil pessoas desabrigadas ou desalojadas.

Somente no Natal de 2013, vinte e dois mil, cento e oitenta e sete itens, entre brinquedos, alimentos, aparelhos eletrônicos, roupas e livros foram distribuídos.

A gente não faz só a ação, é um evento com trio elétrico, mágicos, brinquedos infláveis, tudo com voluntários, conta a garota.

Em sete anos, o Olhar de Bia informa ter atendido mais de cem mil brasileiros.

As pessoas querem ajudar, não sabem como, e sempre vão deixando essa vontade para depois, afirma.

A garotinha, que já foi deputada federal mirim em Brasília, sonha em ser jornalista e lutar pelas causas sociais.

Agora, ela quer mais. Pretende oferecer cursos profissionalizantes para jovens, criar parcerias com outras organizações para levar assistência odontológica a escolas da periferia e construir uma sede para a ONG.

A ideia é espalhar a sementinha, ajudando cada vez mais.

*   *   *

Um gesto de caridade

Apaga muitas feridas

Um minuto de evangelho

Pode salvar muitas vidas.

 

De gotas d’água o ribeiro

É a doce e clara união

De segundos faz-se o tempo

De migalhas faz-se o pão.

 

Redação do Momento Espírita, com base em matéria do site
www.sonoticiaboa.com.br, de 11 de janeiro de 2014, e em versos da poesia
Na jornada de luz, pelo Espírito Casimiro Cunha, psicografia de Francisco
Cândido Xavier, do livro Caridade, ed.IDE.

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