sexta-feira, 17 de abril de 2015

FRONTEIRAS SEM FIM DA AMIZADE


    Até onde vai a amizade? Diz-se que, por vezes, temos amigos que são mais do que irmãos.

    São eles que nos sustentam nas crises, nos auxiliam na enfermidade, nos oferecem o ombro para chorar, a qualquer dia, a qualquer horário.

    Pessoas há que, decepcionadas com pretensos amigos, afirmam que é muito difícil existir, hoje, amizade desinteressada.

    No entanto, todos os dias, se ouvem histórias de pessoas que devem sua vida a algum amigo.

    As gêmeas Rita e Ruth nasceram, em 1988, numa cabana de barro na África Central.

    Seus pais eram agricultores da tribo Tutsi e temiam pela vida das filhas, porque os rebeldes Hútus, da oposição ao governo, atacavam constantemente os Tutsis.

    Por isso, o casal decidiu ir para Uganda, 240 quilômetros ao norte.

    Cada um com uma filha às costas, alguns poucos pertences e a tia das meninas, de apenas 11 anos, começaram a grande viagem.

    O pai foi o primeiro a ser assassinado, na tentativa de conseguir alimentos em uma aldeia. A mãe, quando ia à frente, tentando verificar se era seguro prosseguir a jornada, desapareceu para sempre.

    Durante dois meses, Katie, na floresta com as duas crianças, esperou a volta da mãe das meninas.

    Então, amarrou as gêmeas ao seu corpo e saiu andando. Depois de dez meses, chegaram a Uganda.

    Estavam sozinhas, dormindo ao relento e vivendo de restos de alimentos. Um dia, Jane, uma agricultora, as encontrou e as levou para sua casa, condoída de sua triste situação.

    Jane tinha somente uma filha de 4 anos e, por três vezes, enfrentou os rebeldes Hútus, escondendo as crianças.

    Quando as gêmeas estavam com 11 anos, Katie ganhou uma passagem para longe da África, para o asilo no estrangeiro.

    Naquela noite, Rita e Ruth ficaram abraçadas a Katie, chorando. Ela fora o centro de suas vidas desde sempre.

    Mas, ao partir, Katie prometeu que mandaria alguém para buscá-las.

    Para uma moça de 21 anos, como Katie, se adaptar à vida aonde quer que fosse, levaria tempo. E mais tempo ainda levaria para conseguir alguém que buscasse as gêmeas.

    Os meses se sucederam, sem qualquer notícia. Os Hútus matavam e sequestravam dezenas de Tutsis.

    As meninas pensavam: Será que ela nos esqueceu?

    Três anos se passaram. Com 15 anos, Rita e Ruth já tinham se resignado à vida de medo e incerteza em Uganda.

    Então, elas foram apanhadas em casa por um agente estrangeiro e levadas ao aeroporto.

    Quatorze horas depois, estavam em Londres, abraçando Katie. Ela explicou como tinha sido difícil conseguir que elas fossem levadas para a Grã-Bretanha antes de milhares de outros refugiados.

    Mas disse: Espero que saibam que eu nunca as abandonaria.

    As gêmeas passaram o restante da sua adolescência morando com Katie.

    Para elas, Katie é a grande amiga a quem agradecem por terem o privilégio de viverem num país de oportunidades.

    Diz Rita: Apesar de tudo o que passei, sinto como se tivesse ganhado na loteria.

    Amigos... Preciosidades que Deus coloca em nossas vidas para nos atapetar a estrada de ternura, a fim de nos tornar menos áspera a jornada.

(Redação do Momento Espírita, com base no artigo Cuidem de mim,  de Rita Komunda, conforme contado a Nick Morgan, publicado na Revista Seleções Reader’s Digest, de março de 2009.http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=2277&stat=0 )

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