quinta-feira, 24 de março de 2016

DIVERGÊNCIAS


            Lembre-se de que as outras pessoas são diferentes e, por isso mesmo, guardam maneiras próprias de agir.
            Esclarecer à base de entendimento fraterno, sim, polemicar, não.
            Antagonizar sistematicamente é um processo exato de angariar aversões.
            Você pode claramente discordar sem ofender, desde que fale apreciando os direitos do opositor.
            Afaste as palavras agressivas do seu vocabulário.
            Tanto quanto nos acontece, os outros querem ser eles mesmos na
desincumbência dos compromissos que assumem.
            Existem inúmeros meios de auxiliar sem ferir.
            Geralmente, nunca se discute com estranhos e sim com as pessoas queridas; visto isso, valeria a pena atormentar aqueles com quem nos cabe viver em paz?
            Aprendamos a ceder em qualquer problema secundário, para sermos fiéis às realidades essenciais.
            Se alguém diz que a pedra é madeira, é justo se lhe acate o modo de crer, mas se alguém toma a pedra ou a madeira para ferir a outrem, é
importante argumentar quanto à impropriedade do gesto insano.

(Francisco Cândido Xavier/André Luiz. In: Sinal Verde)

sábado, 12 de março de 2016

DIANTE DO AMANHÃ


“O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec, Cap. I, item 1.

       Compreendemos, sim, todos os teus cuidados  no mundo, assegurando a tua tranquilidade.
       Organizas com esmero a casa em que vives.
       Proteges as vantagens imediatas da parentela.
       Preservas, apaixonadamente, a segurança dos filhos.
       Atendes, com extremado carinho, ao teu grupo social.
       Valorizas o que possuis.
       Arranjas habilmente o leito calmo.
       Selecionas, com fino gosto, os pratos do dia.
       Defendes, como podes, a melhoria das tuas rendas.
       Aspiras a conquistar salário mais amplo.
       Garantes o teu direito, à frente dos tribunais.
       Vasculhas avidamente o noticiário do que vai pelo mundo.
       Sabes procurar, com pontualidade e respeito, os serviços do médico e os préstimos do dentista.
       Marcas horário para o cabeleireiro.
       Escolhes com devoção o filme que mais te agrada.
       Examinas a moda, ainda mesmo com simplicidade e moderação, como quem obedece à força de um ritual.
       Questionas sucessos políticos.
       Discutes, veemente, os serviços públicos.
       Tentas, de maneira instintiva, influenciar opiniões e pessoas.
       Desvelas-te em atrair a simpatia dos companheiros.
       Observas, a cada instante, as condições do tempo, como se trouxesses, obrigatoriamente, um barômetro na cabeça.
-0-
       Tudo isso, meu irmão da Terra, é compreensível, tudo isso é preocupação natural da existência.
       No entanto, não conseguimos explicar o teu desvairado apego às ilusões de superfície, 
nem entendemos porque não dedicas alguns minutos de cada dia, de cada semana ou de cada mês, a refletir na transitoriedade dos recursos humanos, 
reconhecendo que nada levarás, materialmente, do plano físico, 
tanto quanto, afora os bens do espírito, nada trouxeste ao pousar nele.
       Ainda assim, não te convidamos à ideia obcecante da morte, porquanto a morte é sempre a vida noutra face. 
Desejamos tão-somente destacar que, nessa ou naquela convicção, ninguém fugirá do porvir.
       Disse o Cristo: “andai enquanto tendes luz”.
       Isso quer dizer que é preciso aproveitar a luz do mundo, para fazer luz em nós.

(Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. In: Justiça Divina)

 

 

quinta-feira, 10 de março de 2016

O TESTE



Reunião pública de 11-12-59 - Questão 469 - O Livro dos Espíritos

    Lutando, disseste: "não posso mais".
    E ajudaste os que te roubam a fortaleza.
    Batido, clamaste: "reagirei".
    E amparaste os que te induzem à violência.
    Esquecido, gemeste: "estou sozinho".
    E ajudaste os que te bloqueiam a confiança.
    Caluniado, gritaste: "vingar-me-ei".
    E amparaste os que te guiam à crueldade.
    Ferido, bradaste: "quero justiça".
    E ajudaste os que te furtam a tolerância.
-o-
    - Enjoei de viver.
    - A fadiga me vence.
    - Tudo perdido.
    - Nada mais a fazer.
    Tentando justificar-te, recorres à filosofia de ocasião e repetes rifões e chavões antigos:
    - A dança obedece à música.
    - Faço como me ensinam.
    - Seja virtuoso quem puder ser.
    - Amanhã virá quem bom me fará.
    - Tarde demais.
    - Fiz tudo.
    - Depois eu faço.
    - Lavei as mãos.
-o-
    Recorda, porém, que toda dificuldade é teste renovador.
    Todos somos tentados na imperfeição que trazemos.
    Queixa é fuga.
    Impaciência é perigo.
    Censura é auxílio ao perseguidor.
    Revolta é força que apressa o crime.
    Ataque é óleo no fogo.
    Desforço é golpe que apaga a luz.
    Desespero é chave do ladrão.
    Maltratado, busca o bem.
    Injuriado, fala o bem.
    Contrariado, procura o bem.
    Traído, renova o bem.
    Assaltado, conserva o bem.
    A única fórmula clara e segura de vencer, no teste contra as influências inferiores,
será sempre, o que for, com quem for e seja onde for, esquecer o mal e fazer o bem.


(Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. In: Religião dos Espíritos)

segunda-feira, 7 de março de 2016

QUEM LÊ, ATENDA

Quem lê, atenda -- Jesus (Mateus 24:15)

     Assim como as criaturas, em geral, converteram as produções sagradas da Terra em objeto de perversão dos sentidos, 
movimento análogo se verifica no mundo, com referência aos frutos do pensamento.
     Frequentemente as mais santas leituras são tomadas à conta de tempero emotivo, 
destinado às sensações renovadas que condigam com o recreio pernicioso ou com a indiferença pelas obrigações mais justas.
     Raríssimos são os leitores que buscam a realidade da vida.
     O próprio Evangelho tem sido para os imprevidentes e levianos vasto campo de observações pouco dignas.
     Quantos olhos passam por ele, apressados e inquietos, anotando deficiências da letra ou catalogando possíveis equívocos, 
a fim de espalharem sensacionalismo e perturbação? 
Alinham, com avidez, as contradições aparentes e tocam a malbaratar, 
com enorme desprezo pelo trabalho alheio, as plantas tenras e dadivosas da fé renovadora.
     A recomendação de Jesus, no entanto, é infinitamente expressiva.
     É razoável que a leitura do homem ignorante e animalizado represente conjunto de ignominiosas brincadeiras, 
mas o espírito de religiosidade precisa penetrar a leitura séria, com real atitude de elevação.
     O problema do discípulo do Evangelho não é o de ler para alcançar novidades emotivas ou conhecer a Escritura 
para transformá-la em arena de esgrima intelectual, mas, o de ler para atender a Deus, cumprindo-lhe a Divina Vontade.

(Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. IN: Vinha de Luz)

sexta-feira, 4 de março de 2016

PAZ EM CASA



...e em qualquer casa onde entrardes,dizei antes:
“paz seja nesta casa” – Jesus (Lucas 10:5)

Compras na terra o pão e a vestimenta, o calçado e o remédio, menos a paz.
Dar-te-á o dinheiro residência e conforto, com exceção da tranquilidade de espírito.
Eis porque nos recomenda Jesus venhamos a dizer, antes de tu
do, ao entramos numa casa: "paz seja nesta casa".
A lição exprime vigoroso apelo à tolerância e ao entendimento.
No limiar do ninho doméstico, unge-te de compreensão e de paciência, a fim de que não penetres o clima dos teus, à feição de inimigo familiar.
Se alguém está fora do caminho desejável ou se te desgostam arranjos caseiros, mobiliza a bondade e a cooperação para que o mal se reduza.
Se problemas te preocupam ou apontamentos te humilham, cala os próprios aborrecimentos, limitando as inquietações.
Recebe a refeição por bênção divina.
Usa portas e janelas, sem estrondos brutais.
Não movas objetos, de arranco.
Foge à gritaria inconveniente.
Atende ao culto da gentileza.
Há quem diga que o lar é ponto do desabafo, o lugar em que a pessoa se desoprime.
Reconhecemos que sim; entretanto, isso não é razão para que ele se torne em praça onde a criatura se animalize.
Pacifiquemos nossa área individual para que a área dos outros se pacifique.
Todos anelamos a paz do mundo; no entanto, é imperioso não esquecer que a paz do mundo parte de nós.

(Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Palavras de Vida Eterna)