sábado, 30 de maio de 2015

SE  PERDOARES...

 

       Violentado pela desfaçatez do caluniador que levanta acusações infelizes contra o teu esforço de enobrecimento, pensas: “Deus me vingará!”

       Aturdido em face da injustiça dos julgamentos apressados que ralam os teus mais elevados sentimentos, murmuras: “Terei minha vez, oportunamente, e saberei desforçar-me.”

       Apontado pelo sarcasmo de adversários gratuitos, não obstante a cordialidade que esparzes pelo caminho, reages: “Ver-lhes-ei o fim. Saberei esperar.”

       Traídos nos mais sublimes propósitos de fidelidade e amor, não suportas,  e exclamas: “Alguém cobrará por mim”!

       Ignorado propositadamente pela pessoa a quem te dedicas e que te retribui a afeição com o desprezo, exclamas: “Confio no amanhã, que me fará justiça!”

       Acoimado pela suspeita da impiedade, azorragado pela maledicência e pelo remoque, proferes: “São uns miseráveis! Só a morte para tais.”

       Em muitas situações, embora os conceitos de amor que lucilam no teu coração, não suportas as constrições e derrapas nas margens lodosas da vingança, que assoma em caráter de falso conforto.

       Tisna-se, então, a lucidez, perturba-se a esperança e adentra-se no domicílio da tua mente o tóxico letal do ódio. Violentamente, às vezes, apossa-se da tua paisagem psíquica; sorrateiramente, outras, imiscui-se e insufla revolta, terminando por desarranjar a máquina harmoniosa do teu corpo e o programa da tua vida, infelicitando-te, posteriormente.

       Não se turbe, todavia, a tua mente, nem se perturbem os teus sentimentos, ante as agressões dos frívolos, dos perversos e dos desalmados.

       Não sabem o que fazem. São doentes em estágio de avançada enfermidade, estertorando lamentavelmente.

       Não te contagies com eles.

       Mantém-te em paz contigo mesmo e não te detenhas.

*

       Guardando as mágoas — e na Terra são muitas as dificuldades que surgem produzindo mal-estares — padecerás sob imundícies e conduzirás fluídos deletérios.

       Se perdoares, porém, prosseguirás em clima de renovação superior e em labor otimista.

       O perdão é sempre mais útil a quem o concede.

       Se perdoares o vizinho invigilante, ele se sentirá estimulado a não repetir a experiência perniciosa: poderá ajudar alguém; concederá ensejo de desculpa a outrem que o haja ofendido; sentir-se-á confiante para recomeçar tudo e volver atrás, anulando o erro cometido...

       Se perdoares, auxiliarás a comunidade, medicando com amor o indivíduo que está enfermo a pesar na economia social.

Se perdoares, olvidando a ofensa e ajudado o malfeitor, terás logrado a comunhão com o Mestre Inexcedível que, embora incompreendido, traído, abandonado, martirizado e pregado a duas traves, que eram símbolos de infâmia justiçada, perdoou os que O esqueceram e prossegue até hoje amando-os, qual faz conosco próprios, que a cada instante estamos de mil formas, vigorosas ou sutis, traindo, deturpando, menosprezando, usando indevidamente as sublimes concessões que fruímos para a redenção espiritual, ainda sem o sucesso que já deveríamos ter alcançado.

       Perdoa, portanto, a fim de seres perdoado.

 

(De “Celeiro de Bênçãos”, de Divaldo P. Franco,  pelo Espírito Joanna de Ângelis)

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