sábado, 22 de agosto de 2015

PERANTE  A  VIDA

 

       Em verdade, o sistema solar — vasto e sublime edifício, de que somos reduzido apartamento — é um império maravilhoso de luz e de vida, cuja grandeza mal começamos a perceber.

       Basta lembrar que a sede rutilante desse largo domínio cósmico, representada pelo divino astro do dia, detém o volume correspondente a um milhão e trezentas mil Terras reunidas, e basta recordar que Júpiter, o filho mais importante do Sol, é mais de mil vezes maior que o nosso Planeta.

       Mas, não é somente a massa comparada desses gigantes do Espaço, que precisamos examinar para definir, com segurança, a nossa pequenez.

       Reportemo-nos, igualmente, às distâncias, recordando que Marte, o nosso vizinho mais próximo, quando menos afastado do educandário em que estagiamos, movimenta-se a cinquenta e seis milhões de quilômetros de nós, oferecendo-nos justas reflexões quanto aos estreitos limites de nossa casa terrestre.

       Registre-se ainda que o nosso Sistema, ante a amplidão ilimitada, é insignificante domicílio na cidade imensa da Via-Láctea, na qual milhões de sóis, transportando consigo milhões de mundos, tanto quanto nos ocorre, procuram, através do movimento e do trabalho incessantes, a comunhão com a indefinível Majestade de Deus.

       Veja, Sírius, Canopus e Antares, sóis resplendentes, junto dos quais o nosso não passará de ponto obscuro, à maneira de lâmpada humilde no coro da imortalidade, constituem palácios suspensos, onde a beleza e a perfeição adquirem aspectos inabordáveis, ainda, ao nosso campo de expressão.

       Todavia, é preciso calar, de algum modo, o êxtase que nos assalta, ante a magnificência do Universo, para atender às obrigações que o mundo nos exige.

       Somos demasiadamente pequeninos para arrojar ao Cosmo o escalpelo de nossas indagações descabidas.

       Aves implumes no ninho da vida eterna, achamo-nos, ainda, muito longe das asas com que ultrapassaremos nossas justas e compreensíveis limitações.

       Por isso mesmo, embora aguardando a celeste herança que nos é destinada no curso dos milênios, busquemos construir a casa de nossos destinos sobre a Rocha do Amor, — Jesus Cristo, — o Sol Espiritual que nos acalenta e soergue para o grande futuro.

       Antes da ascensão a outras esferas, atendamos à necessidades de nossa própria moradia.

       Melhoremo-nos para que a nossa residência melhore.

       Ajudemo-nos, uns aos outros, para que a vida, em nosso plano, se faça menos dolorosa e menos inquietante..

       E, convertendo nosso mundo, pouco a pouco, no santuário vivo em que Jesus se manifeste, estejamos convictos de que a Terra, hoje escura, amanhã se transformará no espelho divino em cuja face a glória de Deus se refletirá.

 

(De “Intervalos”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

 

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